AS PESSOAS FAZEM SEMPRE A MELHOR ESCOLHA POSSÍVEL PARA ELAS, NAQUELE MOMENTO

A nossa vida constrói-se essencialmente pelas nossas decisões e escolhas. Não só as grandes decisões, como a escolha de uma profissão ou a escolha de uma pessoa para uma relação estável, mas também as pequenas decisões do dia a dia, como a resposta que damos aos filhos ou pais, a escolha de um prato num restaurante ou as decisões relativas a qualquer tipo de compras.

Decidimos em função da nossa experiência de vida até àquele momento. Cada pessoa tem o seu próprio e único percurso. Ao longo desta história pessoal, adquirimos valores e crenças e desenvolvemos uma identidade que constitui o nosso mapa ou modelo de mundo e é de acordo com ele que fazemos as nossas opções, momento a momento.

E QUANDO NOS ARREPENDEMOS?

Mesmo que 10 minutos depois de uma decisão e respetivo comportamento, tenhamos uma sensação de arrependimento, isso não invalida o facto de ter sido a melhor escolha antes.

Se 30 minutos depois de uma refeição pensamos que não deveríamos ter escolhido aquele prato, temos duas opções: a autocrítica e consequente sensação de culpa ou uma atitude de aprendizagem, refletindo sobre como podemos fazer para escolher melhor no futuro.

COMO ESTE PRESSUPOSTO NOS AJUDA A LIDAR COM CULPAS

Este pressuposto traz uma estrutura para lidar com culpas, sejam elas projetadas em nós mesmos, seja em relação a outros.

Assim, em vez de culpar ou manter ressentimentos em relação a atitudes – de pais, parceiros, colegas, amigos ou professores – que nos feriram no passado, podemos pensar que essas pessoas fizeram as escolhas que lhes pareceram as melhores (ou únicas) possíveis em relação a nós naqueles momentos. Isso não quer dizer que passamos a aceitar como bons quaisquer tipos de comportamentos. Apenas consideramos o contexto em que aconteceu e evitamos rotular alguém a partir de um comportamento.

Há, por exemplo, quem responsabilize o comportamento dos pais pelos próprios resultados enquanto adultos. Ao pensar que os pais fizeram o melhor que sabiam e podiam então, e ao fazer o mesmo em relação às próprias escolhas e comportamentos no passado, deixará de ter espaço para desculpas e terá mais espaço para pensar em como lidar com a situação no presente e enquanto adulto. Abrirá um novo espaço para lidar com o presente e desenhar um novo futuro.

Podemos ainda deixar de ser tão duros connosco mesmos ao mudar a forma como nos autojulgamos em relação a escolhas e comportamentos passados. Ao aceitar que não tínhamos então a consciência que temos hoje, podemos mais facilmente perdoar tanto a nós mesmos como aos outros e iniciar um novo ciclo.

BENEFÍCIOS DE VIVER SEGUNDO ESTE PRESSUPOSTO

Aceitar que as pessoas fazem sempre a melhor escolha disponível para elas naquele momento significa tirar o peso do passado e abrir-se para novas vivências. Significa trocar a culpa pela ideia de evolução e aprendizagem. Significa separar o comportamento do ser que cada pessoa é. Permite-nos estar numa posição de responsabilidade e liberdade para novas escolhas e novos caminhos.

Em resumo, aceitar que as pessoas fazem sempre a melhor escolha disponível para elas naquele momento, dentro do seu modelo de mundo, ajuda a comunicar de forma mais compassiva e humana, melhorar os relacionamentos e, sobretudo, buscar sempre novas e melhores escolhas.

Texto de Luzia Wittmann, diretora do InPNL